E então o que é a Terapia Ocupacional, na Pediatria?
- multiclic
- 20 de fev. de 2019
- 3 min de leitura
Para a maioria das pessoas aquilo que um terapeuta ocupacional pediátrico faz é uma incógnita, mas vamos tornar isso mais claro!
Um terapeuta ocupacional pediátrico intervém com crianças, adolescentes e os seus contextos: familiar e educativo. A intervenção do Terapeuta Ocupacional, tem como objetivo promover a qualidade, autonomia e eficácia nas atividades da vida diária (AVD), isto inclui todas as atividades que fazemos diariamente, nomeadamente a alimentação, o andar, o vestir/despir, higiene (lavar os dentes, tomar banho), abrange também componentes da educação (desenhar, pintar, escrever, ler…) e ainda, a tão fundamental atividade de brincar (correr, saltar, andar de baloiço, fazer brincadeiras de faz-de-conta, …).
Os terapeutas ocupacionais avaliam o desempenho da criança, a forma como ela desempenha as suas atividades e a qualidade da sua execução, mediante parâmetros de desenvolvimento standardizados. Desta forma, compreendem se existe uma dificuldade ou se é necessário intervir em determinada competência, de modo, a prevenir futuras disfuncionalidades no desempenho. Como no caso da preensão desadequada do utensílio de escrita que futuramente pode originar dificuldades na escrita (fadiga, dificuldade na realização dos caracteres, letra ilegível, …).
Na intervenção, o terapeuta ocupacional promove o desenvolvimento de competências motoras, perceptivo-motoras, sensoriais, cognitivo-perceptivas em défice, utilizando atividades terapêuticas e atividades de brincar, já que, é através do brincar que as crianças retiram e solidificam as suas aprendizagens. Através do brincar, as crianças adquirem competências de desenvolvimento motoras e cognitivas que são essenciais, conseguindo deste modo superar ou diminuir as dificuldades apresentadas.
Em simultâneo, a abordagem do Terapeuta Ocupacional, passa pela adaptação do ambiente ou equipamentos/utensílios (utensílios de alimentação, adaptadores de lápis, …) às necessidades da criança.
Na prática terapêutica, temos em conta que, uma dificuldade ligeira hoje, pode trazer repercussões graves no futuro, que podem levar até, à falta de autonomia na vida adulta, por exemplo, uma criança com défices no equilíbrio estático, não intervencionados, terá dificuldades em realizar atividades sentado, como por exemplo a escrita, o que poderá interferir significativamente na sua vida adulta, na medida em que os outros podem não conseguir ler aquilo que escreve.
O desempenho das crianças nas atividades diárias é muitas vezes desvalorizado, por exemplo:
- A criança é muito irrequieta quando está sentada numa cadeira?
Os terapeutas ocupacionais avaliam o desempenho e as competências específicas necessárias para esta função, nomeadamente, a componente motora (equilíbrio estático, controlo postural, entre outras), sensorial (proprioceptiva, vestibular), perceptiva e outras. Os défices nestas áreas poderão impedir a criança de estar sentada na cadeira de forma adequada, pelo tempo necessário à realização da tarefa.
Por exemplo, na sala de aula, esta dificuldade irá comprometer a sua capacidade de atenção e retenção. E poderá também interferir no desempenho gráfico, pois impossibilita que a criança tenha uma postura controlada e um posicionamento estável para um desempenho adequado, prejudicando assim as tarefas de escrita, originando dificuldades na aquisição da escrita ou uma escrita impercetível e pouco uniforme.
A terapia ocupacional intervém em várias problemáticas, nomeadamente:
- Síndromes;
- Disfunções sensoriais;
- Patologias neurológicas;
- Atrasos de desenvolvimento;
- Perturbação Espectro Autismo;
- Atraso Cognitivo;
- Perturbações disruptivas de comportamento;
- Condições ortopédicas.
São inúmeras as alterações de desempenho que podem prejudicar o desenvolvimento das crianças, e que devemos ter em atenção, assim enquanto pais e/ou educadores questionem-se sobre:
- É desajeitado a jogar à bola/ a dançar?
- Roda o corpo todo para alcançar um objeto?
- Pinta fora dos contornos?
- Tem dificuldade em fazer puzzles ou legos?
- Tem dificuldade em pegar no lápis? Faz muita/pouca pressão no lápis?
- É muito demorado a realizar tarefas de pintura ou desenho?
- Tem letra ilegível?
- Realiza recortes sobre as linhas?
- Não sobe as escadas de forma adequada?
- Brinca sempre da mesma maneira e sempre com os mesmos brinquedos?
- Usa os talheres de forma desadequada?
- Tem dificuldade em fazer amigos com facilidade?
- Rejeita texturas diferentes, em alimentos ou objetos? Fica perturbado em ambientes estranhos?
- Tem dificuldade em lavar as mão, vestir-se/despir-se, calçar-se ou lavar os dentes?
- Deixa cair os objetos com muita facilidade, é “desastrada”?
- Cai muitas vezes?
- Tem dificuldade em estar sentado na cadeira?
Se respondeu que sim, a uma ou mais questões, pode contactar-nos, porque a criança necessita de ser avaliada por um Terapeuta Ocupacional.
Diana Costa
Terapeuta Ocupacional
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