A Escola ...o bicho papão dos tempos modernos

A escola seja através do ingresso no 1º ciclo ou do regresso à escola, é um momento causador de ansiedade para pais e filhos.

Quando entram para a escola, os filhos experenciam um primeiro desafio de autonomização em relação à família. As crianças deixam o contexto seguro e mais intimista do jardim-de-infância para aprender a relacionar-se com o outro, a respeitar regras e rotinas, a assumir responsabilidades (fazer os trabalhos de casa, aprender). Algumas crianças vivenciam esta mudança com ânimo, vendo as coisas boas da escola… Outras crianças sentem-se assustadas, apresentando choro frequente, ansiedade, medo e podem mesmo estar agitadas durante a noite (pesadelos). Identificar precocemente estas dificuldades é fulcral para que se possa apoiar, impedindo que se construam ideias negativas face à escola.

Os pais, família e/ou crianças mais velhas podem e devem adotar algumas estratégias que potenciem uma adequada integração no contexto escolar.

Os adultos significativos são os modelos de comportamento que a criança tem, por isso devem utilizar o reforço positivo aquando das aquisições desenvolvimentais que a criança realiza, para que esta se sinta valorizada e competente, desenvolvendo um sentimento positivo de auto-estima. Podem ser partilhadas com a criança histórias positivas sobre a escola e sobre os agentes educativos, intensificando as vantagens de “crescer”. É importante que a família promova a autonomia da criança, assim como, a sua socialização com outras crianças e adultos. Os pais devem ao longo de todo o desenvolvimento da criança, criar pequenos momentos diários e aproveitar os momentos do fim-de-semana, para dedicarem tempo de qualidade, que lhes permita estabelecer uma relação de proximidade com os filhos.

O regresso à escola e a mudança de ciclo traz consigo uma série de desafios. As crianças/jovens são muitas vezes confrontados com a adaptação a um novo contexto (novos professores, nova escola, novas regras, diferente amigos, novo currículo, horário mais exigente…). A família e a escola deveram continuar a apoiar a criança/jovem nestas transições, assegurando-se que decorrem de forma natural e adequada. A articulação entre os diferentes contextos de ensinos são importantes, uma vez que a ansiedade sentida deve-se ao “medo do desconhecido” por isso, deve-se promover sempre que possível, visitas à nova escola. As escolas devem promover o acolhimento, através de algumas estratégias como reservar alguns dias no início ou final do ano para que os novos alunos possam conhecer a escola, sensibilizar a comunidade escolar para integrar os novos alunos e organizar as turmas de acordo com a escola de proveniência.

As exigências escolares e sociais que são colocadas à criança vão sendo cada vez maiores e é essencial que a família se constitua como um elemento tranquilizante, com regras e rotinas definidas. A família deve nesta fase auxiliar a criança na “difícil tarefa de estudar”. Deve ser construído em conjunto um horário semanal onde seja definido o tempo para estudar (realizar os trabalhos de casa, rever a matéria dada, planificar o estudo), para brincar… Sendo que inicialmente os pais terão que controlar o cumprimento deste horário.

Por fim, é importante falar das atividades extracuricuares! As crianças passam cada vez mais tempo na escola e a realizarem tarefas relacionadas com a escola, pelo que não devemos esquecer que como crianças ou jovens que são, necessitam de tempos mortos, “sem fazer nada” para que os possam ocupar, dando asas à sua criatividade! Isto não quer dizer que não possam ou não devam ter atividades extracurriculares, mas estas devem ser pensadas em conjunto com a criança/jovem, para que seja algo que vá de encontro aos seus gostos e talentos. Estas atividades devem também ter um carácter

lúdico e permitir que a criança experimente algo diferente daquilo que a escola proporciona. Não é a quantidade de atividades extracurriculares que ditará o futuro e sucesso da criança/jovem!

Susana Costa

Psicóloga